Parque Estadual da Ibitipoca inaugurou as chamadas “Juliettis”, cadeiras adaptadas que permitem o acesso ao local por deficientes motores
Por Victor Maciel
Cadeiras especiais, as "Juliettis", permitem turismo acessível. Crédito: Ong Motanha Para Todos/Divulgação
“Agora tem como a gente fazer parte de todas as trilhas do Parque”. Foi com essas palavras que Lucas Santos, portador de deficiência motora, agradeceu em um vídeo em uma rede social, a oportunidade de conhecer o Parque Estadual da Ibitipoca, em Minas Gerais. No último dia 21 de janeiro, a reserva inaugurou duas cadeiras chamadas “Juliettis”, que serão utilizadas para que pessoas portadoras de deficiência possam aproveitar todas as belezas que o circuito Janela do Céu, Roteiro das Águas e Pico do Pião proporcionam.
As cadeiras são frutos de uma iniciativa proposta pela ONG “Montanha Para Todos”, que está presente em cerca de 26 destinos de 14 estados do país. Guilherme Cordeiro, um dos organizadores do projeto, destaca que a ideia surgiu após uma doença que acabou afetando a mobilidade de sua esposa. A partir daí, ele passou a observar a necessidade que outras pessoas tinham em conhecer lugares de difícil acesso.
“Vimos muita coisa acontecendo e temos que espalhar isso para outras pessoas que estão iguais a minha esposa ou pior, que acham que não é possível ver a natureza. Uma vez, um rapaz de 42 anos, de Curitiba (PR), entrou em contato comigo, dizendo que em sua vida inteira falaram que ele não poderia conhecer um local desse. Agora, com a cadeira, ele ia conseguir ir”, contou.
A “Julietti”, como é batizada, é uma cadeira composta por uma única roda, que facilita o acesso desses turistas a ambientes de difícil acesso e proporcionam a portadores de deficiência uma experiência única para aproveitar a natureza. O equipamento, que é conduzido por dois puxadores, possui um banco com cinto de segurança, garantindo comodidade ao visitante.
Hoje, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6,2% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. A acessibilidade é uma preocupação constante do Ministério do Turismo. Uma das ações desenvolvidas é o Programa Turismo Acessível, que realiza ações voltadas à promoção da inclusão social e do acesso de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida em atividades turísticas. Nos últimos anos, foram mais de R$ 75 milhões de investimentos em obras de acessibilidade, apoio à qualificação e capacitação de profissionais para atender turistas com deficiência.
Para o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, histórias como essa incentivam ainda mais o trabalho para o desenvolvimento da acessibilidade do setor turístico no país. “É gratificante ver iniciativas como essas, que dão a oportunidade aos portadores de deficiência motora de conhecerem as belezas naturais que o nosso país possui. Nosso Turismo é para todos, e é para isso que continuaremos trabalhando ainda mais essa ideia em nossa gestão”, finalizou.
MAIS DESTINOS - Além do Parque Estadual da Ibitioca, o país possui outros destinos que são referência para o turismo acessível. Socorro (SP), por exemplo, é referência internacional no assunto. Localizada a 130 km de São Paulo (SP), a cidade é considerada um dos melhores destinos para se receber pessoas com mobilidade reduzida. Por meio do projeto “Socorro Acessível”, os turistas que por lá passam contam com sinalização tátil, elevadores, rampas e barras nos pontos turísticos.
Outro ponto em destaque é o Bosque da Ciência, localizado em Manaus (AM). O local oferece, desde o ano passado, visitas autoguiadas para deficientes auditivos. O turista surdo vai recorrer ao Giulia, um aplicativo para smartphones que faz a leitura em Libras dos QRCodes dos pontos turísticos. Segundo os responsáveis pelo local, o objetivo é romper as barreiras e dar acessibilidade aos espaços públicos de turismo e lazer, garantindo a participação plena e efetiva da pessoa surda em condições de igualdade na sociedade
A “Julietti”, também, está presente para quem visita o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. A cadeira permite acessibilidade de cadeirantes até o mirante da Cachoeira Véu de Noiva, atrativo mais visitado do local. Quem for às Cataratas do Iguaçu não contará com a Juliett, mas terá, também, toda a estrutura de acessibilidade. Rampas, elevadores e até uma espécie de bondinho transformaram uma das principais atrações do parque, o Macuco Safári, em um dos mais novos atrativos acessíveis no Brasil.
Edição: Rafael Brais
Fonte: MINISTÉRIO DO TURISMO
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